
Por Elizabeth Mendes e Silvia Ramos
O Inositol (INS) é um hexa-hidroxi ciclohexano pertencente à família da glicose e possui 9 estereoisômeros. Os dois mais conhecidos pela literatura são o Mio-inositol (MYO) e D-quiro-inositol (DCI), os quais atuam como agentes sensibilizadores de insulina, participam da ativação de enzimas que regulam o metabolismo da glicose, e são utilizados no tratamento de distúrbios metabólicos. O INS é sintetizado pelo nosso organismo a partir da glicose, mas também é encontrado em frutas, nozes e feijão na forma de ácido fítico.
Uma revisão publicada no ano passado apresentou o papel das isoformas do INS nos distúrbios metabólicos, observando se ele pode ser um agente terapêutico eficaz e seguro.
O MYO é a principal forma encontrada nos alimentos. Ele está presente em maior quantidade nos vegetais frescos e sementes como feijão, pseudocereais e nozes. O artigo destaca que a aveia contém mais MYO do que outros cereais. Outra informação importante é sobre o processamento dos alimentos, pois uma fermentação simples com fermento químico ou assar o alimento pode inativar as fitases de origem nutricional. Cerca de 66% dos fitatos da dieta são hidrolisados no estômago e intestino grosso, e por isso o MYO livre e DCI serão absorvidos dependendo da quantidade que não for degradada.
Em relação aos distúrbios metabólicos, os autores apresentam sobre a ação do inositol na síndrome dos ovários policísticos (SOP)/fertilidade, diabetes mellitus e dislipidemias.
SOP e infertilidade: SOP é a causa mais comum de infertilidade devido à disfunção ovulatória. A resistência à insulina acomete boa parte das pacientes e está associada às alterações metabólicas e disfunção reprodutiva. A relação estruturada entre hiperinsulinemia, hiperandrogenismo e disfunção ovulatória na SOP formou a base para o tratamento farmacológico com agentes sensibilizadores de insulina, como o INS. Nos estudos ele tem se mostrado eficaz para melhorar a resistência à insulina, bem como as funções ovarianas nas mulheres com SOP.
Diabetes Mellitus: Os inositóis foram identificados há muito tempo como possíveis mediadores da ação da insulina e do mecanismo de resistência à insulina no DM2, bem como no diabetes mellitus gestacional (DMG).
Estudos de intervenção demonstraram que tanto o MYO quanto o DCI possuem propriedades que melhoram a sensibilidade à insulina em condições de resistência à insulina além da SOP.
Dislipidemias: ao longo dos anos muitos estudos vêm sendo conduzidos para determinar se a suplementação de inositol tem algum efeito no perfil lipídico em populações com doenças metabólicas. Apesar dos efeitos benéficos sobre os níveis de triglicerídeos, colesterol total e colesterol HDL, não há uma recomendação concreta com os benefícios gerais, pois mesmo interligados, cada distúrbio possui sua particularidade.
O artigo conclui que a suplementação de inositol pode ter ação terapêutica em diversas doenças metabólicas, embora as diversas combinações e dosagens apresentadas nas pesquisas.
Referência:
CAPUTO, M. et al. Inositols and metabolic disorders: From farm to bedside. Journal of Traditional and Complementary Medicine, [s.l.], v.10, n.3, p.252-259, May. 2020.
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