
A técnica BLW (Baby-Led Weaning), é um método alternativo para introdução alimentar em crianças. É utilizada em países como: Reino Unido, Nova Zelândia, Estados Unidos e Canadá.
Esse método propõe que a introdução de alimentos seja guiada pela criança desde o início da complementação alimentar e não pelos pais como ocorre habitualmente. Não há o auxílio de utensílios para que a criança se alimente.
Os pais colocam à disposição da criança, alimentos que fazem parte da dieta habitual da família e a ela faz as escolhas de acordo com as preferências e pega os alimentos com as mãos.
Com base em estudos sobre o assunto, ao realizar esse método, a criança pode sofrer asfixia, já que após o período da amamentação exclusiva, há um risco maior desse problema ocorrer, pois ela ainda não desenvolveu a coordenação da mastigação, respiração e deglutição, por esse motivo alimentos mais em consistência de papa são considerados mais seguros. O mais recomendado atualmente é que a modificação da consistência ocorra de acordo com os meses da criança, conforme recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Entretanto no método BLW, a criança inicia consumindo alimentos sólidos, assim como a família e nesse método a própria criança também define a quantidade e o ritmo da alimentação, o que pode ser um fator prejudicial, pois quando os pais guiam a introdução dos alimentos sólidos, conseguem quantificar o que foi ingerido e intervir em casos de consumo inadequado..
Os alimentos complementares ricos em ferro devem ser incluídos na alimentação infantil a partir dos 6 meses de vida, visto que a deficiência desse mineral é global e pode causar a anemia, contudo no método BLW, os alimentos comumente colocados inicialmente para a criança fazer a escolha, são frutas e legumes, que possuem baixa quantidade de ferro. Além disso, faltam evidencias de estudos que realizem a dosagem do ferro ingerido e absorvido, em crianças cujo os pais utilizam o método BLW.
O BLW, pode ser um fator preocupante, visto que muitas famílias fazem consumo excessivo de alimentos ricos em açúcares e sal, o que pode levar essa criança a acostumar o paladar com esses alimentos, ocasionando predisposição à preferencias alimentares desse tipo na fase adulta, trazendo riscos à saúde.
O fato dessa prática ser originária de outros países deve ser levado em consideração, visto que os hábitos alimentares, cultura, renda e escolaridade de brasileiros é bem heterogênea. Esses fatores se não trabalhados corretamente poderiam resultar em aplicação inadequada do BLW e possíveis prejuízos à saúde da criança.
Entretanto poucos são os estudos que analisaram o método BLW. Geralmente com amostras insuficientes para comprovar a sua eficácia e/ou benefícios e, defini-lo como metodologia na introdução alimentar. São necessários estudos de intervenção de longa duração, com o objetivo de verificar o impacto do método na escolha alimentar das crianças, na saúde infantil e prevenção de doenças no adulto. É importante ressaltar, que independente do método escolhido, a seleção dos alimentos, a manutenção do aleitamento materno são fatores essenciais para a manutenção da saúde infantil.
Referências:
BMC Pediatrics; 2015, v. 15, n. 99, p. 1-11 (Texto na íntegra: http://goo.gl/PKopES)
BMJ; 2013; v. 3, n. 003946 (Texto na íntegra: http://goo.gl/NoNtmj)
BMC Pediatrics; 2015, v. 15, n. 179, p. 1-16 (Texto na íntegra: http://goo.gl/ESYQW9)
Escrito por:
Camila Cristina da Silva Santos
Estagiária de Nutrição
Sílvia Ramos
Nutricionista
CRN-3: 10.908
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