
Dentre os diferentes tipos de câncer, o câncer de mama (CM) apresenta-se como um grave problema de saúde pública. É o mais frequente no mundo e o primeiro na população feminina (2). Apresenta altas taxas de mortalidade, afetando países com distintos níveis de desenvolvimento (3). No Brasil, as taxas de mortalidade por CM aumentaram nas últimas décadas, 13.345 sendo 120 homens e 13.225 mulheres (2011), estimativa de novos casos 57.120 (2014) (4).
O câncer de mama vem sendo amplamente estudado e, a despeito da grande quantidade de pesquisas já conduzidas sobre a patologia, sua etiologia ainda não está totalmente esclarecida, sendo a mesma atribuída a uma interação de fatores que, de certa forma, são considerados determinantes no desenvolvimento da doença (5).
A idade é o fator de risco mais importante para o CM. A incidência da doença cresce rapidamente até os 50 anos de idade, e posteriormente, essa elevação se dá de maneira mais lenta (6).
Outros fatores como a mutação dos genes supressores de tumor BRCA1 e BRCA2, que faz com que eles percam a capacidade de suprimir o surgimento de tumores, deixando o indivíduo mais exposto ao desenvolvimento de cânceres, principalmente os de mama e ovário. História familiar ou pessoal de CM, maior densidade do tecido mamário, hiperplasia mamária atípica, exposição à radiação, fatores reprodutivos como longos períodos de história menstrual (menarca precoce e menopausa tardia), nuliparidade, primeira gestação a termo após os 30 anos de idade e ausência ou curtos períodos de amamentação também representam aumento do risco para a ocorrência do câncer de mama (7).
No que se relaciona à prevenção da doença, especial interesse recai sobre os fatores de risco potencialmente modificáveis, como o ganho de peso após os 18 anos de idade, sobrepeso ou obesidade após a menopausa, utilização de terapias hormonais, o sedentarismo, o tabagismo e o consumo diário de bebidas alcoólicas (8).
As mudanças no estilo de vida das mulheres podem, em parte, explicar o aumento da incidência do CM, envolvendo desde o sedentarismo e hábitos alimentares até os fatores relacionados ao uso de terapias hormonais, à gestação e à amamentação (9).Amamentação
Alguns autores relataram o efeito protetor da amamentação que pode estar associado à diferenciação completa das células mamárias e ao menor tempo de exposição à ação de hormônios sexuais, que se encontram diminuídos durante a amenorreia induzida pela lactação. Além disso, a intensa esfoliação do tecido mamário e a apoptose maciça de células epiteliais, decorrentes da amamentação, podem reduzir o risco de câncer de mama por meio da eliminação de células que tenham sofrido algum dano potencial no DNA (10,11).
Mutação dos genes BRCA1 e BRCA2
Mutações germinativas nos genes BRCA1 e BRCA2 foram responsáveis por, aproximadamente, 20% do total do risco familiar observado. Os restantes 80% se devem a uma combinação dos efeitos produzidos por mutações em genes conhecidos como exemplo: p53, PTEN e ATM (cerca de 1%) e alterações em genes ainda não descritos (12).
Estilo de vida
O tipo de dieta foi um fator de risco para o CM e mesmo que as evidências atuais não possibilitem a publicação de um guia que indique com segurança uma dieta para a redução do risco de CM, a American Cancer Society recomenda a adoção de um estilo de vida que promova a manutenção de um peso saudável e o consumo limitado de alimentos ricos em gorduras, especialmente as de origem animal (13). Relacionados à dieta estão também outros fatores como o sobrepeso, a obesidade e a ingestão de bebida alcoólica, sendo estes fatores de risco associados ao CM (14). Em uma recente meta-análise sobre dieta e CM, demonstrou-se que o consumo de álcool aumenta o risco de desenvolvimento de CM e indicam uma pequena associação inversa entre dieta saudável e risco para a doença (15)
Autores:
Samara Vasques
Nutricionista aluna do curso de Pós Graduação em Nutrição Humana Aplicada e Terapia Nutricional – Imen Educação, São Paulo;
Silvia Ramos
Nutricionista Doutora em ciências EPM/UNIFESP, Coordenadora do curso de Pós Graduação em Nutrição Humana Aplicada e Terapia Nutricional – Imen Educação, São Paulo;
Luciene Assaf de Matos
Nutricionista Mestre em Ciência na área de Oncologia, Professora Orientadora do Imen Educação, São Paulo
Referências:
Escreva um comentário